segunda-feira, 7 de março de 2016

Sobre os estandartes políticos

Há diversas posições politicas, a forma mais simplória de representar elas são num quadrado dividido em quatro. A metade superior é posição conservacionista, e a inferior liberal. A metade da esquerda é posição politica esquerdista e a direita direitista. E ainda, tu pode ser extremista em alguma dessas posições, ou centristas. Existe um teste [1] oferecido pelo site da Veja que avalia a tua posição politica.
A definição de Esquerda e Direita foi se modificando ao longo do tempo, conforme a sociedade foi evoluindo, mas segundo o filosofo politico Noberto Bobbio [2][3], Esquerda visa a igualdade social, e a Direita a liberdade individual. No entanto, a visão é multifacetada, e existem diversas subcategorias dentro dessas visões simplistas.
No entanto, o brasileiro médio não acompanha muito sobre política de seu pais, como aponta um artigo feito por Andréia Martins:
Para os brasileiros a diferença entre as ideologias não parece tão clara. Em 2014, durante as eleições, a agência Hello Research fez um levantamento em 70 cidades das cinco regiões do Brasil perguntando como os brasileiros se identificavam ideologicamente. Dos 1000 entrevistados, 41% não souberam dizer se eram ideologicamente de direita, esquerda ou centro.A porcentagem dos que se declaram de direita e esquerda foi a mesma: 9%. Em seguida vem centro-direita (4%), centro-esquerda e extrema-esquerda, ambas com 3%, e extrema-direita (2%). Quando a pergunta foi sobre a tendência ideológica de sete partidos (DEM, PT, PSDB, PSB, PMDB, PV, PDT, Psol, PSTU), mais de 50% não souberam responder. [4]
Segundo essa citação, podemos concluir que ou metade dos brasileiros são quase totalmente apolitizados, ou que o próprio sistema politico brasileiro não é bem definido. Para ser mais justo, a visão politica de forma rotulada muda conforme o tópico a ser abordado. Segundo o teste acima, o autor deste (eu) é extremo liberal de direita. Extrema Direita, onde tradicionalmente encontram-se visões religiosas e excludentes, e o Extremo Liberal onde a visão considera que nada deva ser proibido ou restritivo. Assim sendo, eu, genericamente e grosseiramente falando, seria o típico cara que acha que vale tudo, mas só para os brancos de classe alta (? haha). Mas como dito no artigo de Scar [5], a posição politica é mutante e adaptativa, evolui e mescla-se assim como o ser humano. Ou seja, rotular-se é uma perda de tempo.
Desta forma, podemos compreender a tão famosa época do ano em que é dedicada a troca de partidos. Aqui no Brasil, diversos políticos modificam a sua legenda, normalmente indo para outra mais adequada para o seu ideal, ou como aponta um recente artigo da Folha de São Paulo [6], uma das razões para troca de partido é uma oferta maior na fatia da verba partidária. Há uma suspeita de que esse ano de 2016, 10% dos deputados mudarão sua filiação partidária [6]. Enquanto que nos quatro anos anteriores houve um total de 25% de deputados que mudaram de partido [7], alguns mais de uma vez. Antes do ano de 2007, para se ter uma ideia, a média era de uma um deputado federal trocar de partido a cada cinco dias [8].
A lei 9096 [9] que versa sobre a filiação partidária, e rege sobre a troca de partidos, no texto original da emenda proposta ano passado, informava que os votos de um politico eleito iria consigo caso ele trocasse de legenda. Esse é um detalhe importante, pois a parcela do Fundo Partidário que vai para cada partido é definido exatamente pelo número de votos de seus candidatos, assim sendo, essa proposta faria com que candidatos mais votados fossem bem cotados para troca partidária. No entanto o Supremo Tribunal Eleitoral vetou esse texto. É importante notar que não se pode simplesmente desfiliar-se de um partido, há casos em que há perda de mandato caso o politico esteja exercendo cargo.

Todo esse contexto é para apresentar que, uma visão politica única e cega é irracional. Partidos são compostos por pessoas, e pessoas mudam de opinião. Tanto, que comumente se vê debates filosóficos dentro dos próprios partidos, a exemplo do inicio do processo de Impeachment da Presidente Dilma [10], onde foi criado uma “chapa avulsa” ou “chapa intermediária” que era composta por parlamentares em desacordo com a linha seguida por seu partido. 
Assim sendo, idolatrar uma bandeira tanto quanto odiar é algo sem propósito. Um partido ter uma visão de futuro faz parte necessária de seu regimento, tanto para dar um foco geral à cúpula mandatória do partido como para angariar novos filiados. 

Nos últimos tempos o Brasil tem vivenciado uma sequência de casos midiáticos, e sem exato propósito a não ser fazer um show circense aos espectadores brasileiros. Enfatizo o recente caso da condução coerciva do ex-presidente Lula [11]. Segundo a legislação brasileira, exatamente nos artigos 411 e 535 do Código de Processo Penal [12], a condução coerciva serve para levar frente ao juiz pessoa imprescindível para prova da coisa sendo julgada. Assim sendo, como o Lula é réu da ação pelo qual ele foi conduzido, o ato em si foi totalmente descabido de necessidade. Se fosse o caso de uma audiência cuja presença do Lula fosse necessário, como réu, e ele não o comparecesse, diferente do que aconteceria se ele fosse prova, onde ai sim seria conduzido coercivamente, na posição de réu nada acontece a ele, apenas que o juiz poderá considerar que todos os fatos contra ele são verdadeiros, esse ato se chama revelia. É quase aquele ditado, “quem cala consente”.
Ainda sobre a tal condução coerciva sofrida por Lula, se fosse o caso dele ser prova requisitada e que não tenha comparecido anteriormente, ela ocorreu às seis horas da manhã, tão logo o sol despontou no horizonte, no entanto o fórum só abre às nove horas da manhã. Pergunto-me porque tão cedo... Mas como já esclarecido, não foi o caso.
A meu ver isso foi ato pensado para ser circense. Não sei ainda por quem, mas já apresento minhas teorias. Uma delas envolve todo o quesito defendido pelos idólatras do PT, partido em voga pelos escândalos políticos atuais, onde os odiadores do atual governo querem a desmoralização e desestruturação do partido a fim de remover ele (o partido) do poder. Outra teoria versa sobre tudo ter sido uma grande e arriscada jogada, para elevar a moral futura do ex-presidente, já que não é mistério que ele pretende encarar mais uma disputa presidencial [13], inflamando os idólatras e perdendo muitos odiadores, a contra gosto destes. Uma artimanha desse nível, visando inclusive desmoralizar o processo em si, caso nada for afirmado contra o ex-presidente e se os responsáveis continuarem com atos circenses dessa maneira. Faria de Lula um mártir. Teorias...

Unificando os assuntos já abordados, há o pessoal que defende uma bandeira tal qual um fanático religioso, onde só há a sua verdade, e nada mais deve ser considerado. Fanáticos são perigosos, há aqueles violentos, os coercivos, os conquistadores, e muitos outros. Esses defensores de uma ideia possuem em si algo que não pode ser perpetuado, a ideologia cega. Achas que sou exagerado? Imaginemos num caso extremo, Nazismo alemão em sua áurea época, se tu lá dentro estivesse, porque deixarias de achar que estás certo? Lembre-se, a história é contada pelos vencedores. Sim, comparei fanatismo politico com fanatismo étnico, pois todo fanático sofre do mesmo mal: a incapacidade de discernir o certo do errado. Do outro lado temos os odiadores de uma bandeira, que a sua maneira também são tão fanáticos quanto, apenas com uma ótica diferente de um mesmo assunto.
É preciso ter uma mente mais amplamente aberta, é ilógico culpar ou defender uma bandeira, quando ela apenas representa um conjunto de pessoas com um suposto ideal em comum, cada uma das pessoas desse conjunto são independentes entre si. O que elas fazem ou deixam de fazer é total responsabilidade delas. Ao acaso pode ser que um colega partidário tenha ajudado ou deixado de ajudar em algo, por tanta coincidência como tu participar de uma partida de futebol junto com colegas da tua classe ao invés da outra turma. 
Há culpados políticos em todas as esferas de todos os partidos. 
A razão disso está na cultura brasileira. Mas isso daria outro post tão longo quanto. Mas leituras apropriadas da trilogia de Laurentino Gomes [14][15][16] dão ampla noção de que o Brasil como um traço característico de sua culturas sempre foi assim. Análises culturais do brasileiro demonstram que essa é a característica do brasileiro médio, um ser festeiro, boa praça e corruptível.
Que sejam condenados ou absolvidos quem quer que seja, mas como pessoas que são, e não devido a bandeiras que esses carregam. E tenham uma boa tarde. 

REFERENCIAS
[1] http://veja.abril.com.br/eleicoes/politicometro/
[2] http://www.libertarianismo.org/livros/nbdee.pdf
[3] http://consciencia.blog.br/2014/09/resenha-livro-direita-esquerda-razoes-significados-de-uma-distincao-politica-de-norberto-bobbio.html
[4] http://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/politica-o-que-e-ser-esquerda-direita-liberal-e-conservador.htm
[5] http://www.institutoliberal.org.br/blog/liberalismo-de-esquerda-ou-de-direita/
[6]  http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1744190-quarenta-deputados-trocam-de-partido-em-uma-semana.shtml
[7]  http://www.gazetadopovo.com.br/vida-publica/um-em-cada-quatro-deputados-federais-trocou-de-partido-nos-ultimos-tres-anos-94kbwyznnnv4xe1ov2dwbfrda
[8] http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/02/1737799-com-brecha-em-emenda-camara-tera-troca-troca-partidario-apos-o-carnaval.shtml
[9] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9096.htm
[10] http://g1.globo.com/politica/processo-de-impeachment-de-dilma/noticia/2015/12/maioria-do-stf-decide-vetar-chapa-avulsa-da-comissao-do-impeachment.html
[11] http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/05/conducao-coercitiva-de-lula-e-considerada-excessiva-para-maioria.htm
[12] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
[13]  http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/04/lula-se-oferece-como-candidato-a-presidencia-da-republica-em-2018.htm
[14] https://pt.wikipedia.org/wiki/1808_(livro)
[15] https://pt.wikipedia.org/wiki/1822_(livro)
[16] https://pt.wikipedia.org/wiki/1889_(livro)